Espadas



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A tecnologia necessária para se fazer uma espada era complicada. Diferente de uma seax mais curta, o tamanho da espada exigia uma construção diferenciada. Se o material usado fosse muito macio, ela dobraria num golpe, por causa do próprio peso. Se o material fosse muito duro, ela quebraria. Por isso, até meados do século IX as espadas de boa qualidade eram exclusivamente feitas de dois aços diferentes: um mais macio e outro mais rígido, para obter as propriedades necessárias para uma arma longa.
Em algum ponto do século IX, a siderurgia conheceu avanços importantíssimos na fatura de armas e passou a ser possível construir uma arma com apenas um aço sem que isso prejudicasse suas propriedades, como ocorria com armas ruins de períodos anteriores.
A habilidade e os gastos necessários na fatura de suas lâminas deram às espadas um lugar de destaque entre as armas desse período. A espada não era apenas uma arma, mas sim um símbolo de poder e riqueza, a marca de um guerreiro de elite, já que poucos tinham recursos para possuí-las.
Apesar do grande número de achados, percebemos que elas eram usadas por gerações e temos evidências de que muitas recebiam nomes próprios. Isso reforça a ideia de serem peças de difícil obtenção.

Espadas vikings no museu de Oslo.


A maior parte das espadas vikings encontradas mede entre 70cm e 1m, sendo as de 80-90cm grandemente mais comuns. Ainda assim, existem espadas com menos de 60cm feitas para adultos.
As espadas, em sua grande maioria, possuíam dois gumes e uma cava central que, além de tirar peso da lâmina, também aumentava a resistência da peça. No entanto, 1 a cada 5 achados de espadas na Noruega são de espadas de um único gume. Apesar de serem tidas como resultado do trabalho de ferreiros locais sem tanta habilidade, existem peças de altíssima qualidade, provando tratar-se mais de uma preferência regional do que falta de perícia em sua confecção. Além disso, eram ligeiramente mais longas que as espadas de dois fios. Essas espadas de uma mão também foram encontradas na Dinamarca e Irlanda, por exemplo, mas em números muitíssimo menores que na Noruega.
O ponto de balanço das lâminas situa-se, num geral, entre 20%-25% do comprimento da lâmina, a partir da guarda. O pomo das espadas serve, basicamente, de contrapeso para alcançar esse balanço.

No Escudo dos Vales, devido ao nosso recorte, especificamos regras para a aparência das espadas.
Como recriacionistas, trabalhamos basicamente com o típico para o período e não com as exceções, portanto, para as espadas de dois gumes, seguimos à classificação de Alfred Geibig no tocante às lâminas. Espadas do tipo 1 ao 5 são permitidas, embora os tipos 2 e 3 sejam preferidos.

Imagem retirada e traduzida do livro Swords of the Viking Age, de Ian G. Peirce.
 As espadas de um único gume são permitidas no grupo apenas para os membros que retratem vikings dinamarqueses, noruegueses e suécos. No entanto, varegues suécos, gotlandeses, alandeses e outros vikings da região do báltico, em nosso grupo, são proibidos de usá-las por haver uma falta de achados em outras terras. Apesar de achados na Irlanda, é improvável que as espadas tenham sido feitas lá por ferreiros nativos, sendo mais capaz de terem sido levadas por noruegueses ou feitas por esses.  Outras culturas do báltico também não devem usar esse tipo de espada dentro do Escudo dos Vales.

Por uma questão de custos, não é obrigatório o uso de lâminas feitas em pattern welding/damasco, mesmo para as lâminas com estilos anteriores ao século IX. Customizações e gravações com ácidos podem dar um aspecto similar em lâminas de um único aço, mas também não são necessárias, pois poucas pessoas tem acesso ou habilidade com esses produtos. Assim sendo as lâminas das espadas de nossos membros podem parecer anacrônicas nesse sentido. Porém, o uso de aços inoxidáveis é proibido.

O hilt das espadas deve obedecer a tipologia de Jan Petersen para a cronologia e seus modelos. O uso das lâminas para os hilts em questão devem estar de acordo com a tipologia de Geibig mencionada acima. Basta comparar e trabalhar com os dois esquemas simultaneamente. Além disso, o uso de lâminas de um só gume deve ser estudado para o hilt em questão, uma vez que alguns modelos de hilt não possuem sequer um achado com laminas desse tipo.

Imagem modificada e traduzida do livro Swords of the Viking Age, de Ian G. Peirce.
Exemplos de espadas usadas em nosso grupo. Da esquerda para a direita: Uma espada de um só gume com hilt tipo C do século IX, uma tipo W com uma lâmina tipo 3 de Geibig do início do século X e uma tipo AE Petersen com uma lâmina tipo 4 Geibig do século XI.

Detalhe dos hilts. Nossas espadas variam de 1kg a 1,7kg, mas existem achados com espadas ainda mais pesadas.